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quinta-feira, 25 de junho de 2015

Algumas pessoas comem flores

“Desculpe a delicadeza





Gosto de delicadezas. Das pequenas mesmo. Daquelas que se escondem atrás de um gesto, de um olhar, de uma forma de dispor a mesa, de dobrar uma roupa, de dar ao vaso uma flor.
“Pequenas seduções iluminam o cotidiano.”A sedução na crônica de Affonso Romano de Sant’Anna não é dessa natureza, mas é assim que gosto de pensá-la. Porque seduzir é da ordem do embelezar. A luz tênue do abajur me seduz. Me chama pra perto, me acolhe, me apazigua. Ilumina o cotidiano e a vida.
Puséssemos mais beleza no dia a dia,  viveríamos com mais poesia. Com mais sensibilidade e mais amor no coração.
Pois é. “Desculpe a delicadeza.”

terça-feira, 23 de junho de 2015

Comida: artefato que produz memórias afetivas

Ainda daquilo que conforta

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Outro dia, a propósito de títulos, acabei falando de coisas que confortam. Eis que, aqui no Sul, estamos a pleno inverno, e nada conforta mais do que um caldo quente, uma sopa de capeletti, um pinhão na chapa. Nada conforta mais do que comida.
Acontece que comida não é só alimento. É artefato que produz memórias afetivas. Das mais variadas e significativas. Daquelas que evocam toda uma aura de lembranças e saudades. Tantas que _reproduzido o prato, ainda que com o mesmo tempero ou iguarias preparado_ continuaremos a recordá-lo como se àquele que se está a degustar alguma coisa faltasse. E de fato falta. Falta-lhe o tempero das circunstâncias. Que jamais serão as mesmas, porque tudo o que na vida se passa, passa.
Ainda assim, são (re)confortantes esses prazeres culinários. E falar de comida é quase como já por a mesa e convidar a sentar. À mesa, cozinhamos já as próximas memórias. Sempre recheadas de afeto e familiaridades.
Conta Rubem Braga, em uma crônica escrita durante a guerra, que um dos assuntos mais comoventes entre os soldados era o assunto de comidas. “Um começa a falar do que costuma comer na casa dele em Alagoas; outro fala de seus pratos familiares em Minas. E cada um descreve um prato; quando dois homens concordam no mesmo prato e cada um acrescenta um detalhe, eles começam a falar com uma grande animação; sentem-se como que irmãos…”
Conta ainda o autor que falar de comida interessava-os mais do que falar de mulheres. “A grande irmandade é feita em torno de pratos de saudade _ pratos que fumegam na imaginação, quentes e saborosos, com seu gosto de infância e de domingo.” Ao final desse texto, deliciosamente intitulado “Comidas”, o velho Braga faz um apelo: “Oh! Mães de família do Brasil: quando chegar aí a notícia da paz, e arrumardes a casa para esperar aquele que vai voltar, providenciai para que haja sobre a mesa o prato familiar mais querido, e ele o comerá, eu vos digo, ele comerá alegria, ele comerá felicidade, infância, ternura boa.”
Sim, comida conforta, fabrica lembranças, e sempre rende uma boa conversa. Mas, em se falar daquilo que conforta, não hesito em dizer que ler Rubem Braga também é como matar uma fome.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Livros: Paixão por toda a vida

LIVRO DE ARTISTA POR TANIA SCIACCO




Caderno de Leonardo Da Vinci
Caderno de Leonardo Da Vinci

Livro de artista – Forma e Conteúdo

Fui apaixonada por livros na minha adolescência. Lia muito, quando começava um, não sossegava enquanto não chegasse ao final. O primeiro livro forte e volumoso que li foi O Exorcista (pasmem). E continuei lendo pela adolescência a dentro. Depois tive meus filhos e Faculdade e mesmo assim não me distanciei deles. Depois um período de afastamento,  pela dificuldade de ler e de tantos afazeres profissionais (porém, sempre lendo profissionalmente e algumas coisas dos meus interesses), retornei ao assumir definitivamente óculos para leitura.
Hoje tenho recuperado a cada dia esta paixão antiga, aliada à um novo encantamento, a união entre livros e arte e livros e vinhos.
Este formato tão conhecido por todos nós, de um livro, quando utilizados pelas mãos de artistas como suporte experimental para expressão de sua linguagem plástica, surge como um objeto poético, estabelecendo relações impensadas entre imagem e palavra, entre a imagem e o formato ou ainda apresentando as palavras como imagens.
As possibilidades são infinitas, incríveis, inusitadas e surgem como belíssimas obras.
Temos referências desde Leonardo da Vinci (1452-1519) com rascunhos de obras dele (que seriam os skecthbooks, foto acima) até produçōes como A Caixa de 1914, de Marcel Duchamp (1887-1968) considerada uma das primeiras produções de livro de artista.
A Caixa-Valise de Marcel Duchamp
A Caixa-Valise de Marcel Duchamp
Muitos artistas produziram os seus: Mira Schendel, Ligia Pape, Waltércio Caldas, Lygia Clark, Artur Barrio, Sol Le Witt, John Baldessari entre outros.
Instalação Mira Schendel
Instalação Mira Schendel
Então qual a definição de livro, livro de artista, livro-objeto e skechtbook?
Livro:” conjunto de folhas impressas e reunidas em volume encadernado ou brochado. Obra em prosa ou verso, de qualquer extensão. Divisão de uma obra, especialmente epopéia.”
Livro de artista: São obras de arte realizadas sob a forma de um livro. Habitualmente publicados em pequenas edições, são por vezes produzidos como obras de arte únicas.
A partir do formato de um livro como o reconhecemos, o artista o transforma na própria obra através de uma experimentação poética e visual, como novas relaçōes entre a imagem e a palavra ou entre a imagem e o formato. “Sua principal marca é remeter à forma do livro, que pode ser o registro de um processo criativo ou o próprio objeto artístico”, explica Constança Lucas.
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Livro objeto Mantém a ideia de livro e a narrativa literária é substituída pela narrativa plástica.
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Skecthbook: É um caderno de vários formatos (o mais conhecido mundialmente é o caderno moleskine, que acompanhou artistas como Vincent Van Gogh, Henri Matisse, Pablo Picasso, André Breton, Jean Paul Sartre, Ernest Hemingway…) onde desenhos, ideias, pinturas são ali registradas.
Achei interessante esta autora, Angela Lorenz (AQUI), ​que fala do livro de artista por eliminação, dizendo o que ele não é (mas ​​​dizendo depois que o livro de artista pode parodiar ou brincar com qualquer um desses gêneros)
They are not children’s books
They are not sketch books.
They are not diaries.
They are not blank books.
They are not exhibition catalogs.
They are not reproductions of a body of an artist’s work.
They are not art books(a common misnomer).
However, they may parody or play with any of the above, as well as all other standard categories such as novels, self-help books, non-fiction, cookbooks, operating manuals, manifestos, travel guides, essays, etc. Artist’s books function in the same way as contemporary art: as an expression of someone’s creativity, often with social commentary, but sometimes in a purely abstract way, in absence of words or recognizable imagery.
(Tradução:
Eles não são livros infantis
Eles não são livros de esboço.
Eles não são diários.
Eles não são livros em branco.
Eles não são catálogos de exposições.
Eles não são reproduções de uma obra de um artista.
Eles não são livros de arte (um equívoco comum).
No entanto, eles podem parodiar ou jogar com qualquer um dos acima, bem como todas as outras categorias padrão, tais como romances, livros de autoajuda, não-ficção, livros de receitas, manuais de operação, manifestos, guias de viagem, ensaios, etc. Livros de artistas funcionam da mesma forma como a arte contemporânea: como uma expressão da criatividade de alguém, muitas vezes com comentário social, mas às vezes de uma forma puramente abstrata, na ausência de palavras ou imagens reconhecíveis.)
Achei linda esta citação de Caetano Veloso, acredito que sirva tanto para um livro como para um livro de artista…
” Os livros são objetos transcendentes. Mas podemos amá-los do amor táctil”
E o que Waltércio Caldas diz sobre seu trabalho:
” Ao utilizar o formato livro, tento evidenciar neste objeto suas características temporais e esculturais. Alguns dos meus livros são até escritos. Mas há os que unem a escrita à tridimensionalidade, lidam com relação da imagem com a figura e o texto. Às vezes, os livros adquirem características tridimensionais muito evidentes, quase escultóricas. Acredito que os livros são objetos da família dos espelhos e relógios”
Obra de Waltercio Caldas
Obra de Waltércio Caldas
Ser da família de espelhos e relógios faz com que os livros sejam quase mágicos
Mais sobre o tema – notícias bem atuais:
Este ano acontece a Bienal de Veneza, que tem o nome de ​A​ll the world’s futures’ (Todos os futuros do mundo) e Sonia Gomes​ ​(AQUI), artista de Minas Gerais, estará lá representando nosso ​país. Única brasileira escolhida pelo curador nigeriano Okwui Enwezor para a mostra principal da 56ª Bienal de Veneza, que estará sendo realizada  entre 5 de Maio e 22 de Novembro. Sonia utiliza a ideia de livro de artista como suporte para sua poética, conta histórias com tecidos, fios e tramas.
Obra de Sonia Gomes
Livro de Sônia Gomes para a Exposição “Tara por livros” na Galeria Bergamin em São Paulo.
Este é o livro de Marilu Beer
Marilu Beer - 51 (_DSC5139-Editar)_Marilu Beer - 53 (_DSC5153-Editar)_Marilu Beer - 52 (_DSC5143-Editar)_
Beijos para todos e espero que tenham gostado do assunto.
Tânia Sciacco
11 99904 1644
artetudomais.com
sciaccostudio.com
chovendoarte.com
dogartbr/instagram

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Lê é conhecer outros mundos

Para comemorar o dia do livro   (o que deveria ser sempre), considerando que a média de leitura no Brasil por faixa etária vai diminuindo à medida que os anos passam, sendo que se lê menos ainda na idade adulta, vai aqui alguns leituras que recomendo.

Sendo que cada leitura pode ser interessante para diferentes pessoas. Espero que algum dia possam ampliar seus horizontes com elas.










terça-feira, 7 de abril de 2015

Uma leitura imperdivel



Romance - A Mulher de Pilatos - A Dama do Império Romano que Tentou Salvar Jesus Cristo


Com riqueza de detalhes e magistral ambientação histórica, A mulher de Pilatos transporta o leitor para o centro do conturbado Império Romano. Recorrendo à sua experiência como biógrafa para reconstituir a vida de Cláudia Prócula, Antoinette May cria uma emocionante história em que ficção e realidade se misturam com perfeição. Acompanhando a trajetória de Cláudia, o livro apresenta o surpreendente ponto de vista feminino de uma sociedade particularmente machista, além de acompanhar os romances, os conflitos, as angústias e as transgressões das mulheres na época de Cristo. Nascida com o dom da premonição, Cláudia era atormentada por visões de guerra e morte desde a infância. Apesar de não poder interferir no curso da história, ela faz de tudo para evitar um dos mais trágicos acontecimentos de todos os tempos: a crucificação de Jesus. Ao saber da paixão de sua amiga Miriam de Magdala por um religioso radical chamado Jesus de Nazaré, Cláudia prevê um futuro terrível. Quando Jesus é preso, ela suplica ao marido Pôncio Pilatos que o inocente. Mas, cedendo à vontade do povo, Pilatos lava as mãos e o condena. Mesmo casada, Cláudia se apaixona perdidamente pelo gladiador Holtan, mas continua lutando ao lado do marido para manter a ordem na sociedade romana, tomada pelo caos político e social. Repleto de romance, religião, aventura e suspense, este livro apresenta a possível vida dessa misteriosa mulher que, apesar de aparecer uma única vez na Bíblia, está profundamente ligada à vida de Cristo.