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quarta-feira, 15 de junho de 2016

Esta é minha filha. Uma pessoa singular.

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Esta é minha filha. Uma pessoa singular.


Casal vende brownie nas ruas para ajudar a pagar festa de casamento

Luanna Alysse e Thiago Pinotti conseguem dinheiro extra com doces.
Meta é pagar a decoração do casamento até outubro.

Catarina BarbosaDo G1 PA
Casal paga parcelas do salão e buffet com o dinheiro dos brownies.  (Foto: Luanna/Arquivo pessoal)Casal paga parcelas do salão e buffet com o dinheiro dos brownies. (Foto: Luanna Alysse/Arquivo pessoal)
Um casal de paraenses decidiu ir às ruas vender brownie para poder realizar sua festa de casamento dos sonhos. A ideia surgiu depois que eles noivaram e descobriram o alto custo do evento, que não cabia no orçamento do casal. Para solucionar o problema, eles recorreram às vendas de maneira diferente: o casal percorre a cidade em uma foodbike decorada com flores, usando camisas personalizadas com a inscrição 'Missão Casamento'.
 
Ao ver que era tudo muito caro, dei a ideia. Para ele aceitar vender nas ruas foi um parto, porque ele é muito tímido. Foi quando eu disse: 'namo, ou é isso ou é isso"
Luanna Alysse, administradora
A administradora Luanna Alysse, 32 anos e o técnico de informática, Thiago Pinotti, 34, se conheceram em 2011. Em 2013, decidiram noivar e em 2014 começaram a pesquisar os orçamentos da festa. "Lembro que o primeiro foi o da banda que eu mais queria, aí foi decepção total porque era muito caro", brinca a noiva, que adicionou um pequeno véu ao seu figurino de vendedora.
Devido aos preços, eles recorreram à venda dos doces desde janeiro deste ano na Praça Batista Campos, em Belém, mas atualmente expandiram o local de vendas para atender a demanda após ganharem notoriedade em um evento de economia criativa realizado em Belém.
Além da cesta personalizada, o casal tem uma foodbike. O preço do brownie é R$ 5. (Foto: Luana Alyse/Arquivo Pessoal)Além da cesta personalizada, o casal tem uma
foodbike. (Foto: Luanna Alyse/Arquivo Pessoal)
O casal vende cerca de 400 brownies por mês ao valor de R$ 5 cada, o que garante um faturamento de R$ 2 mil, mas ainda é preciso tirar os custos do produto. O que sobra é usado para pagar as parcelas do buffet ou guardado para dar entrada na decoração do salão.
Da encomenda para as ruas
A forma de vender o doce foi de certa modo aperfeiçoada. Thiago Pinotti já vendia o produto, mas por encomenda. Luanna conta que a marca dele já tinha cinco anos de mercado.
"Ao ver que era tudo muito caro, dei a ideia. Para ele aceitar vender nas ruas foi um parto, porque ele é muito tímido. Foi quando eu disse: 'namo, ou é isso ou é isso'”, relembra a adminstradora.
Sarah ia para o aniversário do irmão e comprou seis brownies para ajudar o casal. (Foto: Luana Alyse/Arquivo Pessoal)Sarah ia para o aniversário do irmão e comprou
seis brownies para ajudar o casal.
(Foto: Luanna Alyse/Arquivo Pessoal)
Amor compartilhado
Luanna conta ainda que com as vendas acaba conhecendo histórias de amor de todo o tipo. "Tem de tudo, desde o casal que está junto há 40 anos e continua apaixonado até aqueles que acabaram de ficar viúvos e ficam emocionados com a gente que está iniciando uma vida em parceria", diz.

Apesar da maioria das histórias serem positivas, há quem jogue balde de água fria no casal. "Isso vem, normalmente, dos que se divorciaram. Eles perguntam: mas vocês têm certeza que querem casar mesmo? Só que eu levo na brincadeira. Há ainda os que não aprovam nem um pouco a ideia e não dão a mínima. São poucos, mas existem, porque sempre tem gente do contra, né?", relata.
A estudante de gestão ambiental, Sarah Sfair, é uma das que aprovam a ideia. "Eu adorei a ideia e além de querer ajudar comprei, porque era aniversário do meu irmão, então pedi seis brownies e levei um para cada pessoa que ia estar com a gente. Todo mundo amou", afirma.

Além da missão casamento
A data do casamento está marcada para o dia 20 de abril de 2017 e eles manterão as vendas até o dia da união. “Até outubro deste ano, a gente espera pagar uma parte da decoração, já que nossa renda mensal está quase toda comprometida com o casamento. Mas quando passar a missão casamento, vamos manter as vendas através de encomendas e da foodbike em eventos", ressalta.
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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Amanhã é sempre um novo dia


A GENTE TEM QUE CONTINUAR...



A gente tem que continuar mesmo depois que o arroz queima, a água seca, o vinho entorna. A gente continua depois de descobrir que os defeitos pioram com a idade e as qualidades viram hábito no dia a dia. A gente tem que continuar depois do luto, da partida, da despedida. das horas frias, do caminho incerto. A gente continua e aprende a cantar "apesar de você, amanhã há de ser outro dia..." para o amor que não deu certo, para as falhas recorrentes. para nós mesmos que nem sempre somos aqueles que gostaríamos de ser. Apesar de nós mesmos, de nossas fissuras e desencantos.


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Algumas séries me fisgam pelas beiradas. São frases, ditas no meio de um episódio, que me levam a refletir os últimos acontecimentos de minha vida, e de repente estou apaixonada pelas personagens, feito a Teresa, de "Três Teresas", na noite de ontem. Lá pelas tantas, a frase: "O mundo da gente começa a morrer antes da gente... e a gente tem que continuar..." _ Pronto. Foi a deixa para meu pensamento voar, entender alguns desencaixes, suportar certas partidas, colocar algumas peças no lugar.

A gente tem que continuar mesmo depois que o arroz queima, a água seca, o vinho entorna. A gente continua depois de descobrir que os defeitos pioram com a idade e as qualidades viram hábito no dia a dia. A gente tem que continuar depois do luto, da partida, da despedida. das horas frias, do caminho incerto. A gente continua e aprende a cantar "apesar de você, amanhã há de ser outro dia..." para o amor que não deu certo, para as falhas recorrentes. para nós mesmos que nem sempre somos aqueles que gostaríamos de ser. Apesar de nós mesmos, de nossas fissuras e desencantos, a gente tem que continuar...

E aprendemos que ter que continuar é muito mais que traçar um caminho que justifique nossa esperança por dias melhores. É saber deixar pra trás com sabedoria, entendendo que a vida é constituída de muitas histórias, e que finalizar um capítulo não significa dar fim ao que somos.
O mundo da gente começa a morrer antes da gente, e aceitar nossa responsabilidade em deixar o mundo se modificar, se despedir ou se transformar requer coragem. Coragem de romper com modelos antigos do que fomos e assumir com maturidade novas versões _ muitas vezes melhores _ de nós mesmos.

De vez em quando nos habituamos a antigos nós. Preferimos a dificuldade do que é conhecido à facilidade de novos e perfeitos voos. Desdenhamos a felicidade como quem se empenha em ser infeliz e construímos muros a nos proteger da vida que chega trazendo ares de esperança e novidade. Preferimos nos refugiar no que é conhecido, e nem sempre melhor.

Muita esperança chega junto ao fim de ano e a promessa de novos dias, limpinhos, pra gente escrever a história da melhor maneira que puder. Talvez precisemos aprender a aceitar as novas realidades que inevitavelmente ocorrerão. Haverá a mãe que terá que se adaptar ao fim da licença maternidade, a adolescente que verá seu namoro ruir, o homem que receberá o pedido de divórcio numa manhã aparentemente comum, a senhorinha que vai enviuvar, os pais que levarão seu menino ao aeroporto para fazer intercâmbio, a menina que verá o fim da infância num teste de gravidez, a decepção do jovem, o casamento da moça dos sonhos, o ninho vazio, as novas dores da maturidade, a traição, o recomeço, a renegociação com a vida.

Talvez seja isso. Aprender a renegociar com a vida, descobrindo que novas portas estão sendo abertas, mesmo que haja a tendência de nos fixarmos em cadeados fechados. O mundo da gente começa a morrer antes da gente, mas o futuro também guarda boas surpresas, e o que se pode chamar de "nosso mundo" não existe só no passado, mas na realidade que construímos diariamente e somente nós podemos lapidar.

A gente tem que continuar. Que 2015 traga o reconhecimento de nossos presentes, dádivas reais que permanecem além da morte de nosso mundo ou de um tempo. O que ninguém nos tira: a capacidade de nos recriarmos em qualquer tempo. A alegria de nos percebermos resistindo, apesar de tudo. A satisfação de percebermos nossa coragem. E finalmente, a paz de nos aceitarmos por inteiro.


Minha reflexão para o dia de hoje



Desculpem a ausência aqui.

POUCOS MERECEM VER NOSSAS LÁGRIMAS

"Ninguém merece as tuas lágrimas, mas quem quer que as mereça não te vai fazer chorar". (Gabriel Garcia Marquez).

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Um dos melhores conselhos que nossos pais nos transmitem, quando somos pequenos, e que deveríamos carregar pelo resto de nossas vidas é: “engole esse choro!”. Embora, na época, eles pudessem visar a outros objetivos, em contextos específicos, ao nos mandar parar de chorar, mesmo assim já estavam nos preparando para que nos tornássemos pessoas mais fortes, seguras, capazes de enfrentar as rasteiras que a vida não cansaria de nos dar desde então, sem sucumbirmos às frustrações e perdas, sem nos tornarmos vulneráveis diante de quem está à espreita, esperando para usar nossas fraquezas contra nós e em proveito próprio.

Somos humanos, sim, e sensíveis, suscetíveis a momentos de fraqueza emocional e tristeza, melancolia. Chorar é preciso, pois as lágrimas recobram as energias, minimizam o mal estar, aliviam o sufoco, limpam as impurezas da alma, desafogam o coração. Mas, ao mesmo tempo, as lágrimas expõem nosso lado mais vulnerável, nossa tão característica carência humana, e por isso mesmo podem ser vistas como fraqueza por quem, naquele momento, não quer - nem nunca será capaz de - ajudar ou, pior ainda, por quem usará aquilo contra nós mesmos, oportunamente. Então, dependendo de onde e com quem estiver, engole esse choro!

Ao ouvir “eu não te amo mais”, "estou partindo", enquanto o outro arruma as malas para sair de casa. Nesse momento, ele já decidiu viver a própria vida longe de nós, já decidiu que tudo o que oferecíamos não bastava, não foi suficiente. Provavelmente já encontrou quem aparentemente ofereça o que ele esteja querendo e está forte o suficiente, visto ter tomado uma decisão. Assim, nossa fraqueza, se exposta, somente irá aumentar, enquanto o outro se fortalece ainda mais, bem ali na nossa frente. Engole esse choro!

Quando o chefe, um colega de trabalho ou um cliente elevam a voz, são deseducados, ríspidos e aparentemente injustos. Às vezes explodimos mesmo, justamente com quem não merece, além de existirem pessoas que não sabem agir de outra forma que não esbravejando indelicadamente, pois parecem desconhecer mínimas regras de convivência. Por serem incapazes de se colocar no lugar do outro, não entenderão nossos sentimentos, tampouco mudarão seu jeito de ser. Poderemos nos colocar no momento certo e deixar claro que aquela atitude nos desagrada, demonstrando firmeza - sempre com ar seguro, nunca com voz trêmula, jamais diminuídos em nossa dignidade. Engole esse choro!

Se for surpreendido por uma atitude que nunca esperaria do amigo em quem tanto confiava, sentindo-se traído, exposto, aquebrantado, humilhado. Você foi iludido e usado, mas não foi ingenuidade sua e sim antiética alheia. Distancie-se, o mais longe possível; por mais que doa ter que tirar de nossas vidas alguém de quem tanto gostávamos, é necessário fazê-lo, sem hesitação, sem titubear - sofrer, só se bem longe dele. Engole esse choro!

Escutando o que jamais esperava dos filhos, decepcionando-se com as atitudes e comportamento deles, percebendo que não parecem se sentir bem perto de você. No calor das emoções, eles dizem que nos odeiam, que somos os piores pais do mundo. Irão, em certo momento, se envergonhar de nós na frente dos amigos, irão querer que não apareçamos em seus quartos e não compartilharão nada de suas vidas conosco. Tudo isso passará e retornarão ao nosso abraço que tanto os conforta, desde pequeninos. Porque já fomos e sempre seremos seu porto-seguro, o alento revigorante quando precisarem - não esmoreçamos. Engole esse choro!

Enquanto segura as mãos de quem ama e está doente, sofrendo dores, passando por tempestades da alma, enfrentando algum revés aparentemente sem solução. Quem sofre quer nada mais do que alguém que o entenda e mantenha-se forte, porque as próprias forças esvaíram-se e a segurança alheia então é tudo a que se pode agarrar, para não ruir definitivamente por dentro. Mantenhamos as mãos firmes, as palavras serenas e os olhos secos, mas cheios de esperança. Engole esse choro!

No momento em que se despede do filho que vai procurar o seu próprio lugar no mundo. É preciso deixá-los ir, aconselhando-os a não olhar para trás, a não titubear. Todo mundo merece se encontrar a seu jeito, experimentando novos lugares, novas companhias, novos amores. É preciso ajudar a fazer as as malas e a abrir as perspectivas de vida dos filhos, incentivando-os ao descobrimento de si mesmos, não importa se do outro lado do globo. Temos que acenar firmes e altivos durante a despedida, pois é disso que eles precisarão enquanto se desprendem da zona de conforto tão nociva ao aprimorar-se contínuo a que todos temos direito. Engole esse choro!


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Ao contrário do que possa parecer, não se trata, aqui, de se tornar insensível, de endurecer o coração, tampouco de abafar ou enganar os próprios sentimentos. Somos sujeitos a momentos de tristeza e escuridão, em que as lágrimas são sempre bem vindas. No entanto, poucos merecem partilhá-las e nos verem perdidos em nossas fraquezas, pois em nada ajudarão, nem ao menos tentarão nos estender as mãos. Ninguém merece desnudar-se física e emocionalmente em frente a quem não se entregará de volta verdadeiramente. Ninguém haverá de ser menosprezado enquanto junta seus cacos emocionais. Da mesma forma, ninguém haverá de receber lágrimas quando estiver pedindo força e motivação. Portanto, tranque as portas e feche as janelas antes de chorar.

Sempre será necessário cair ao chão de nossas tristezas e fracassos, gritar a revolta da incompreensão e maldade alheias, encarar as colheitas de nossas escolhas equivocadas, atravessar a escuridão da saudade por quem não mais voltará. Mas é preciso que quem esteja ao nosso lado, nesses momentos, mostre-se sinceramente disposto a nos resgatar de volta com vida e fortalecidos. Alguém que conhece e tem certeza de que somos muito mais do que pensamos ser, que venha correndo quando precisarmos e não saia de nosso lado enquanto não secarem nossas lágrimas. São poucos os que merecem assistir ao nosso pranto, sem fazer mau uso disso tudo. Ademais, no fim da vida, muito provavelmente estaremos contando somente com nós mesmos e então saberemos lidar com nossas dores sem precisar de ninguém mais. Enfim, lembremos sempre aquele conselho ouvido em nossa infância, porque, em certos lugares e diante de certas pessoas, ou engolimos o choro, ou o mundo nos engole.

MARCEL CAMARGO

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar".




domingo, 26 de julho de 2015

Vivemos em constante estado de Alzheimer

PARA SEMPRE ALICE: O MAL DE ALZHEIMER NOS FAZENDO REPENSAR A VIDA

“Para sempre Alice” rendeu a Julianne Moore o Oscar de melhor atriz em 2015. Richard Glatzer - diretor do filme - que faleceu 15 dias depois da Premiação em decorrência da doença ELA - roteirizou o livro “Still Alice” e mostrou ao grande público a desafiadora doença de Alzheimer. O filme - que mostra a perda de memória como sintoma inicial, deixa no espectador sensações impossíveis de esquecer. Equilibre-se diante do Alzheimer.

1536x1024x2.jpgO Mal de Alzheimer atinge aproximadamente 36 milhões de pessoas no mundo, sendo que muitas das pessoas que sofrem com o Alzheimer ainda não receberam o diagnóstico. É uma doença que se agrava progressivamente até levar à morte, pois o corpo perde funções essenciais. Após o diagnóstico, o tempo médio de vida é cerca de 7 anos. Em média, apenas 3% das pessoas diagnosticadas sobrevivem mais do que 14 anos.
A família da pessoa com o Mal de Alzheimer sofre socialmente e psicologicamente, assistindo de mãos atadas a degradação diária de uma pessoa tão importante e fundamental. Quantas dessas famílias não fariam qualquer coisa para voltar no tempo e doar mais amor, carinho e palavras a quem hoje se esqueceu até de sua própria identidade?
Uma carreira de sucesso em linguística, mãe de três filhos, um casamento impecável e apenas 50 anos de idade. É vivendo neste cenário que a Alice do filme descobre que tem o Mal de Alzheimer. Talvez por retratar a doença em alguém tão jovem, o filme traz uma inquietude de pensamento e emociona constantemente.
“Para sempre Alice” nos prende por ser dolorosamente real e possível. Ninguém está imune ao Alzheimer. Não há vacina, não há comportamento de risco a ser evitado, não há prevenção. A única prevenção possível para o Alzheimer, e para tantas outras doenças e perdas na vida, é o cuidado e a dedicação às pessoas no presente.
O filme mostra que o Mal de Alzheimer faz com que até nossos mais profundos sentimentos por alguém sejam esquecidos e deletados de nossa lembrança. Porém, o que nossa mente – mesmo saudável - está ‘esquecendo de lembrar’? Pare e pense por 5 minutos nas palavras que deixamos de dizer às pessoas que amamos e o quanto calamos sobre as sensações boas que algumas presenças nos causam.
Imagine-se vivendo uma vida plena e se deparando – de um momento para outro, com rostos desconhecidos e locais estranhos aos olhos. Imagine-se do outro lado também, sendo o rosto desconhecido diante de sua mãe, pai, irmão, tia ou amigo. O Alzheimer apavora, não?
O filme apresenta isso: a dor de quem tem a doença e a dor da família que vive a impotência diante do inevitável: o esquecimento, a dependência, o vazio e – por fim, o nada! E diante do nada, cada um tem que seguir a sua vida.
Durante várias cenas, somos acometidos por uma ansiedade absurda diante das falas da protagonista, desejando profundamente que ela não esqueça palavras, pessoas e situações. Assistimos Alice como se fôssemos da família, e ficamos com uma dor latejante na alma. Ninguém sai ileso depois dos 101 minutos de duração do filme. Permanece por dias um silêncio interior que analisa nossas próprias ações, falas e movimentos. Pedimos menos e oramos mais por saúde. Pouca coisa importa mais do que isso: saúde, cuidado, dedicação, respeito e carinho. Alice nos mostra isso vivendo sua doença.
Saudáveis, não damos importância à saúde. Assim, praticamos o nosso dia-a-dia com as pessoas que: não damos importância, não damos atenção. Não o suficiente. Não faz parte de nossos pensamentos a possibilidade de acordar em um dia qualquer e não mais reconhecermos os rostos que nos rodeiam, tão pouco a possibilidade de não sermos reconhecidos.
O ser humano vive como se houvesse sempre o outro dia. Vivemos como se houvesse tempo suficiente para tudo o que é fundamental e, nesta utopia do “tempo suficiente”, vamos adiando o que é importante.
Partimos pela manhã, retornamos à noite, enfrentamos o trânsito dentro de ônibus, metrôs ou automóveis, almoçamos em meio ao caos, trabalhamos oito horas ou mais, assistimos à novela, vamos ao cinema, compramos roupas, vamos ao supermercado, pagamos contas e impostos, nos exercitamos, buscamos uma alimentação cada vez mais saudável, bebemos suco verde, meditamos e tentamos ter um contato maior com a natureza em meio à selva de pedra. Mas, de fato, o que é importante?
Será que cuidamos o suficiente do outro e damos atenção aos detalhes? Amamos o suficiente e nos deixamos ser amados? O quanto dizemos que nos orgulhamos de alguém ou salientamos a importância de nossos amigos, irmãos, pais e tantos outros amores em nossas vidas? O quanto contamos sobre o nosso bem-querer por alguém? Estamos esquecendo muita coisa importante neste mundo moderno. Passamos mais tempo acariciando tablets e smartphones do que as pessoas que amamos. Vivemos em um estado de ‘Alzheimer’ permanente. Estamos ignorando o fato de que amar não é somente sentir. Demonstrar carinho faz parte de absolutamente todas as relações humanas. Mas não, não nos doamos além do limite do que achamos seguro.
Não temos como prever quem brevemente vai partir para sempre ou quem vai se ausentar mesmo estando presente, mas podemos ser mais humanos com todos – principalmente com os nossos. No final – somente os bons instantes permanecem no peito e o momento de amar é agora – nunca é depois. Sentimentos são prioridades. Quem garante a vida amanhã? Quem garante a sanidade amanhã?
Dedicar-se é uma das maiores urgências da vida. Poucos praticam a dedicação, mas quem pratica nunca terá do que se arrepender diante do final da existência.
Nunca estaremos preparados para perdas ou doenças que tiram o nosso melhor e o melhor das pessoas. Que comecemos hoje a doar mais tempo e atenção aos que carregamos no peito. Façamos as pessoas mais leves. Sejamos mais leves também.
Fica ainda uma última lição: “Para sempre Alice” acaba repentinamente, como a vida
Quando não há mais certezas possíveis, só o amor sabe o que é verdade.“ (Do livro “Para Sempre Alice” - de Liza Genova)”


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Vida brevíssima


SOMOS TODOS PEREGRINOS

publicado em artes e ideias por 

Uma reflexão interpretativa do quadro “O peregrino sobre o mar de névoa”, de Caspar David Friedrich (1818), símbolo do romantismo do século XIX. Um convite para parar um pouco e contemplar, a ser um viajante, que observa e valoriza os detalhes, porque sabe que a vida é breve e não avisa quando irá findar.

O peregrino sobre o mar de névoa, de Caspar David Friedrich, (1817-1818). O peregrino sobre o mar de névoa, de Caspar David Friedrich, (1817-1818).
A todo o momento estamos lidando com a brevidade da vida. A todo o momento vemos a morte bater a porta de quem menos a esperava, ou mesmo, de quem já aguardava a sua chegada. E independentemente da crença, concluímos: sim, realmente estamos aqui só de passagem.
O que há de tão certo e óbvio como a morte? Mesmo assim, ela sempre consegue nos surpreender, nos ensinando ou apenas nos lembrando de nossa impotência perante ela. É aquela que vence nossa avidez, paralisando-nos na correria.
Em momentos como esse nos deparamos com sentimentos sombrios, como a tristeza e a solidão. Sentimentos estes, expressos com maestria pela alma do artista, destacando aqui, as pinturas do Romantismo do século XIX.
Um século turbulento. Marcado por revoluções sociais e econômicas. Nele, o Romantismo surgiu como uma crítica à confiança do homem em sua capacidade individual e racional de interferir e dominar a natureza.
Um estilo marcado pela irracionalidade, pelos sentimentos individuais, pelo misticismo em detrimento da razão, e pela ligação do homem com o mundo natural.
Centrado no igualitarismo e no individualismo, se expandiu para um ataque aos sistemas de poder vigente, e contribuiu poderosamente para a eclosão de movimentos, como a Revolução Francesa e a luta pelos direitos civis igualitários, que mais tarde, dariam origem à democracia como hoje a conhecemos.
Dentre os autores desta época, temos Caspar David Friedrich, conhecido como um dos melhores paisagistas de todos os tempos e o mais puro representante da pintura romântica alemã.
Suas paisagens primam pelo simbolismo e idealismo que transmitem. Embora fosse um pintor renomado durante sua vida, Friedrich caiu de moda ainda antes de morrer, pois suas pinturas contemplativas não acompanharam o impulso da modernização, sendo consideradas relíquias de uma era finda. Mas será que findou mesmo? Por vezes, a impressão que temos é que as tecnologias avançam, mas as ideologias permanecem no passado.
Em sua mais conhecida obra “O peregrino sobre o mar de névoa”, de 1818, atualmente exposta no Kunsthalle Museum em Hamburgo, na Alemanha, ele consegue retratar, já em sua época, a atual condição do homem, que na prepotência e insistência em afirmar seu domínio sobre a natureza e sobre tudo o que cria, vê-se agora isolado, destituído de qualquer controle, vê-se impedido de enxergar com nitidez aquilo que ele pensava conhecer tão bem. Ele está só e o mundo lhe parece estranho.
Este quadro, além de tantas outras impressões e interpretações possíveis, pode ser lido como uma alegoria da vida humana, principalmente nos tempos trabalhosos em que vivemos.
A imagem embaçada e repleta de mistério nos fala do desconhecido da vida, da imensidão do universo, do isolamento do homem, perplexo diante daquilo que não controla, nem alcança.
Claridade e neblina, cores frias e ácidas se misturam diante de um anônimo, um viajante que observa. Alguém, que pelo anonimato, pode ser cada um de nós. No entanto, não vemos o seu rosto, não sabemos sua expressão, nem pensamentos diante de tudo o que vê. Talvez esteja angustiado, aflito, melancólico. Talvez falte esperança, faltem forças para caminhar.
Num mundo em que estar feliz é uma regra e onde a reflexão antes da fala é escassa, um homem como esse não caberia. Talvez, por isso, ele parece está desprendido, em relevo ao que contempla.
Assim como o anônimo da pintura, ficamos, por vezes, perplexos diante das novas de cada dia, nos sentimos deslocados em meio a tanto sofrimento e desamor.
Cada um de nós tem um peregrino dentro de si, um viajante que sabe que não estará aqui para sempre. E sendo assim, qual deve ser nossa posição diante da vida? Cada um responda para si. Tendo em mente que somos aqueles que fazem o uso responsável de tudo, porque breve partiremos e outros virão após sairmos.
Se somos peregrinos, enquanto aqui estivermos sejamos pacificadores, em meio as guerras travadas diariamente, fazendo conhecidos e dando voz ao anônimo e ao esquecido. Dando voz a outros peregrinos, que tiveram suas vozes abafadas pelos gritos dos poderosos.
Que de vez em quando andemos mais devagar, desacelerando o ritmo, afinal, para onde vamos com tanta pressa? Parece que Caspar nos faz sempre essa pergunta quando olhamos suas obras.
Muitos gostam da frese “não fale o óbvio”. Mas a maneira como temos vivido, a liquidez das relações, a banalização do bem, o não estranhamento diante do perverso, o discurso de ódio, tudo isso tem nos obrigado a dizer o óbvio, ou melhor, a desvelá-lo. Sim, mais do que dizer, temos de explicar o porquê, revelar, tirar o véu, fazer o altruísmo e a sensibilidade renascerem.
E é esse o convite do peregrino: quando viajamos, cada detalhe parece importante e digno de registro fotográfico. Não existe distância grande demais para visitar o lugar tão almejado. O cansaço no final do dia não traz reclamações, somente gratidão pelo vislumbre do novo. Porém, ao voltar para casa, para rotina e correria diária, o viajante, antes tão entusiasmado, é agora um frustrado.
Por fim, não esqueçamos: a vida é breve, é brevíssima, é bonita, merece reflexão e registro. Somos viajantes, precisamos parar um pouco, contemplar, e seguir o caminho, buscando dar sempre os melhores passos. Vivendo a arte e a humanidade que ela nos traz.


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sábado, 18 de julho de 2015

Escolhas: como você deseja habitar-se


CAMINHOS


Sobre as escolhas e batalhas que travamos intimamente, decidindo dia a dia como desejamos habitar nossa própria história.

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Ontem, a lição de casa do meu filho trazia um desafio. "Peça para seus pais lhe contarem uma escolha que tenham feito, e como isso afetou a vida deles". Deixei a missão por conta do meu marido. Ele tem uma história bonita, de força de vontade e superação, que definiu seu destino a partir de uma escolha, inicialmente feita por seu pai, mas acatada e vivenciada por ele. No trabalho que entregou hoje na escola, havia duas imagens. Numa, o desenho de um menino com uma enxada na mão; na outra, um médico de jaleco branco e maleta em punho.
Porém, muito além de uma escolha meramente profissional, a decisão de deixar o trabalho na lavoura e ingressar na faculdade de medicina foi uma guinada na vida do menino que até os dezessete anos não conhecia luz elétrica, vivendo num sítio onde a ocupação maior era ajudar o pai com a enxada, perturbar a vida dos bichos e ir para a escola rural, onde várias turmas, em diferentes estágios de aprendizado, tinham aulas na mesma sala. Não havia água encanada, automóvel, muito menos tv ou geladeira. Ao escolher a faculdade, uma nova versão foi escrita. E percorrer esse caminho pode ter sido tudo, menos simples.
Enquanto orientava meu menino, me veio à lembrança trechos de Eliane Brum, em seu mais recente livro, "Meus desacontecimentos". Logo no comecinho ela questiona, indagando 'como cada um inventa uma vida. Como cada um cria sentido para os dias, quase nu e com tão pouco. Como cada um se arranca do silêncio para virar narrativa. Como cada um habita-se'.
Por enquanto, meu menino só pode entender acerca de escolhas palpáveis _ coleção de figurinhas da Copa ou cartas pokémon, matinê no cinema ou festa do amiguinho, crocs ou tênis, pijama curto ou longo, 'o que vou ser quando crescer', que livro vamos ler antes de dormir. Com o amadurecimento, virão questões mais relevantes, entroncamentos no meio da estrada que fatalmente lhe desafiarão a dar uma resposta que possivelmente conduzirá seu destino.
Nesses momentos, o controle estará em suas mãos. O trajeto escolhido determinará uma nova versão de si mesmo. Porém, muito além das direções que se distribuem pelo caminho, haverão outras questões, não tão óbvias, mas ainda mais perturbadoras e íntimas. Essas serão as mais difíceis. Porque a batalha será travada não somente entre profissões, negócios, status e pessoas. Serão decisões mais profundas, que fará diariamente, dentro de si mesmo, envolvendo a forma como deseja viver e responder àquilo que não pode controlar.
Todos os dias, meu filho, você terá que escolher de que forma irá habitar-se, para o bem ou para o mal. Porque a gente escolhe fazer-se muito mal também. E o pior é que nem se dá conta disso, acostumados que estamos em não nos enxergarmos ou ouvirmos no meio de tanto barulho que há lá fora. Então imaginamos que o que não vai bem é a rua, o fulano que não vai com a nossa cara, a esposa que ronca, o marido que não colabora... mas no fundo somos nós. Nós, que nos afastamos da verdade, e preferimos nos refugiar numa vida inventada que justifique nossas mazelas. Assim, se posso dar-lhe um conselho, escolha fazer-se bem.
É importante também que saiba escolher suas batalhas. Que não perca tempo com expectativas irreais, aquelas que não levam a lugar algum. Nem imagine que seu jeito de ser e viver é o certo para todos. Certamente é o certo para você, mas não julgue nem discrimine quem reconhecer outras formas de construir uma vida. Você descobrirá que nessa selva existem leões e cordeiros, bichos preguiça e guepardos, e não cabe a você querer que todos sejam leões, só porque você escolheu ser um. Depositamos muito da gente nos outros. E muito dos outros é depositado na gente. Desejamos que o outro seja como nós mesmos seríamos no lugar dele, mas quem sabe o que vai dentro do coração alheio?
Uma das lições mais difíceis de se aprender nessa jornada é a questão da aceitação. A gente traça um roteiro próprio, estabelece metas, acrescenta vontades, junta uma grande dose de sentimentos e espera que tudo corra conforme o combinado. Criamos expectativas em cima de pessoas tão diferentes de nós, querendo que elas sigam o script, ou que, pelo menos, obedeçam nosso combinado. Se somos tigres ferozes, nos indignamos com a serenidade dos coalas. Se temos a agilidade do beija flor, nos impacientamos com a lentidão dos caracóis. E de repente você percebe que está numa batalha que nem escolheu estar, tentando se defender de quem julga lhe conhecer melhor que você. Portanto, mesmo que discorde ou acredite conhecer aqueles que ama, entenda que jamais o saberá por completo, pois cada um carrega muito mais bagagem do que supomos desvendar.
Tenho escolhido muito também. Cansei de ser um rio turbulento, e essa escolha tem feito meus barcos de papel resistirem com mais leveza desde então.
Assim, trace seus caminhos com cuidado, sem se deixar influenciar pela linhagem de sua família _ essa coisa de sobrenome ou árvore genealógica não pode ser responsável por nosso destino. Não é preciso perpetuar as características, principalmente se não concordar com elas. O que vai dentro de você é resultado de uma equação complicada, que começou antes das primeiras palavras, e dar sentido a isso é responsabilidade sua e de mais ninguém.
Quanto a seu pai, a escolha não foi simplesmente entre ser médico ou caminhoneiro, como ele tanto queria. Suas maiores batalhas foram travadas do lado de dentro, tentando superar os próprios obstáculos_ como a timidez quase paralisante_ e a resolução de habitar-se com coragem, humildade e serenidade.
Finalmente lembre-se: a vida não é e.x.a.t.a.m.e.n.t.e. como a gente quer. E por mais que seja tentador ditar as regras, não temos controle sobre tudo. Então escolha somente fazer-se bem, principalmente quando tudo parecer errado, confuso ou ruim do lado de fora. Mais importante que o enredo, o que vale é como você se portou dentro da história que contou.

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