quarta-feira, 29 de julho de 2015

Conviver com as imperfeições

Amar a imperfeição, outro texto emocionante por Cris M. Zanferrari



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Amar a imperfeição

Cris M. Zanferrari
Gosto das coisas perfeitas. Bem-feitas, bem-acabadas, redondas. Sim, redondas, porque tudo o que é circular encerra em si essa ideia de perfeição, de completude. E quem é que não quer se sentir completo ou perfeito?
Quando nos cercamos de coisas perfeitas, é como se nos aproximássemos, de alguma forma, da própria perfeição. Gosto do alinhamento dos quadros na parede, da minha Le Creuset vermelha sem nenhum arranhão, dos tapetes limpos e imaculados, das roupas bem passadas, dos livros alinhados, da ordem e do progresso (ao menos no que tange à vida pessoal). Gosto quando o bolo assado sai inteirinho da forma, quando o suflê não desanda, quando consigo cumprir todos os prazos. Gosto quando encontro facilmente as coisas porque estão bem organizadas e não é custoso ou perda de tempo apanhá-las. Gosto de pensar que_ às vezes, mas só às vezes_ as coisas estão perfeitas. E que a vida assim não só é melhor como é possível.
Mas as coisas, como as pessoas, sofrem desgastes. Sofrem pelo uso e pela ação do tempo. Desbotam, lascam, se desalinham, se descompõem. As coisas, como as pessoas, são dadas à imperfeição. E o imperfeito não é de todo feio. Nem condenável. A primeira vez que dei por uma pequena lasca em minha Le Creuset vermelha, quis chorar. De pura raiva. Tinham-lhe roubado o aspecto de coisa nova, de coisa perfeita. Não era mais a chaleira mais bonita do mundo. E no entanto, ainda servia para o uso, o que tornaria uma aberração o seu descarte. Não me restou senão aquiescer. Habituei-me a vê-la assim, com um discreto machucado, como uma pessoa se habitua a uma cicatriz.
Sim, é possível habituar-se à imperfeição. Desde que se perceba que as coisas imperfeitas são, na verdade, imperfeitas porque usadas, manuseadas, vividas. Só o que não tem uso ou vida permanece intacto, incólume. E o que é desprovido de uso ou vida é também desprovido de valor.
Leia-me bem: não se trata de deixar a casa cair, de não se fazer reparos ou manutenções. Nem de negligenciar o estado terminal de certos objetos ou relações. Trata-se apenas de uma espécie de aceitação daquilo que não pode ser mudado porque mudado está. Aceitar que as coisas, ou relacionamentos, só têm continuidade e permanência quando_ ao consentir que se encontrem mudados_ mudamos também. Serve pra minha chaleira. Mas pode bem servir pra todo o mais.
Continuo gostando das coisas (aparentemente) perfeitas. Continuo gostando das coisas organizadas e de quando tudo dá certo. Mas estou aprendendo a amar a imperfeição. Não só a das coisas. Também a das pessoas, a dos relacionamentos, a da natureza. Porque no centro de toda imperfeição está a mudança, o movimento, que nos impõem lançar mão de um novo olhar sobre o mundo. Sem esse olhar resvalamos para um perfeccionismo que neurotiza, frustra e decepciona, porque jamais será real. O real é da ordem do imperfeito. E não raras vezes, pode ser belo e bom.
E há, finalmente, aquelas imperfeições que só nós mesmos conhecemos, sejam do corpo, sejam da alma. As mais íntimas, mais resguardadas. Não há que revelá-las. Tampouco esforçar-se para ocultá-las. Há apenas que saber com elas conviver. Só aprendemos a amar a imperfeição quando nela nos reconhecemos.
Gosto, sim, de pensar que as coisas_ às vezes, mas só às vezes_ estão perfeitas. Mas também gosto que estejam_ no mais das vezes_ imperfeitas. Vê-las como são, em sua mais completa imperfeição, me aproxima do que é real. E descubro a cada dia que a vida assim não só é possível como é (bem) melhor.
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A chaleira Les Creuset de Cris…
Maravilhoso!  Me emocionou muito… pois tem a ver com o momento que estou passando!  Obrigada Cris!!   Mexeu com vocês também?
E não deixem de visitar o blog maravilhoso de Cris, Mania de Citação,  AQUI !!

Saúde: a importância de pequenos cuidados


colunistas
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01/07/2011 - 08:45 - ATUALIZADO EM 01/07/2011 - 08:50
O mito da mulher limpinha
É fácil pegar hepatite B e C na manicure. Por que não dá para confiar na esterilização feita nos salões de beleza
CRISTIANE SEGATTO
  Reprodução
CRISTIANE SEGATTO 
Repórter especial, faz parte da equipe de ÉPOCA desde o lançamento da revista, em 1998. Escreve sobre medicina há 15 anos e ganhou mais de 10 prêmios nacionais de jornalismo. Para falar com ela, o e-mail de contato écristianes@edglobo.com.br
Nunca conheci uma mulher que não faça as unhas. O mercado profissional das manicures é curioso. Quando a economia vai bem, as plaquinhas que anunciam vagas se multiplicam pelas cidades – dos salões luxuosos às bibocas mais improvisadas. Quando a economia vai mal e o desemprego avança, as manicures são as últimas a sentir a crise. O salário delas passa a sustentar a família. Manicure não fica sem trabalho. É serviço de primeira necessidade – às vezes disputado no grito pelas clientes.
Se todas as mulheres e muitos homens frequentemente sofrem ferimentos provocados pelos alicates – os terríveis “bifes” – quem garante que não sairão do salão infectados por um vírus que pode ser fatal?
Ninguém garante. A existência de autoclaves e estufas nos salões não é garantia de coisa alguma. Foi o que descobri ao entrevistar a professora de enfermagem Andréia Schunck, do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo.
Em seu doutorado, Andréia decidiu investigar de que forma as manicures contribuem para a disseminação das hepatites. Ninguém sabe ao certo quantos são os portadores dos vírus B e C no Brasil. Estima-se algo entre 1,5 milhão e 4 milhões. É gente demais.
Esses vírus provocam inflamação no fígado. São um gravíssimo problema de saúde, como contou o médico Drauzio Varella na coluna da semana passada. Drauzio vai levantar o assunto na nova série do Fantástico, que estreia no dia 17.
Os vírus podem danificar o fígado durante décadas sem dar o menor sinal. Quando o doente o descobre, já infectou várias outras pessoas por meio do contato com material perfurante ou nas relações sexuais. Muitas vezes a doença já chegou à fase de cirrose ou câncer. O único recurso passa a ser o transplante. Ele é disputado numa fila cruel, mais longa que a do coração e a dos rins. Grande parte dos pacientes morre antes de conseguir o órgão.
É chocante perceber que todo esse sofrimento poderia ser evitado se normas básicas de higiene fossem efetivamente cumpridas. Andréia visitou cem salões de beleza da capital paulista. Na periferia, no centro, nos shoppings, nos bairros nobres. A metodologia foi rígida. Para evitar qualquer viés que invalidasse os dados, pediu ao Datafolha que dividisse as regiões da cidade por amostragem. O instituto de pesquisa informava um ponto de referência em cada bairro. Uma banca de jornal, uma padaria, uma loja.
A partir dele, a missão de Andréia era caminhar aleatoriamente até encontrar o primeiro salão de beleza. Ao encontrá-lo, se apresentava e fazia a pesquisa. “No Brás, caminhei duas horas e meia até achar um salão. Durante toda a pesquisa emagreci 16 quilos”, diz ela. O esforço valeu a pena. Trata-se de um estudo inédito no mundo.

Andréia passava de seis a dez horas em cada salão. Entrevistava as manicures, observava como elas trabalham e colhia sangue para verificar se tinham o vírus da hepatite B ou C. Em TODOS os salões, encontrou práticas inadequadas.
As manicures não lavavam as mãos depois de atender cada cliente, não lavavam o material antes de colocá-lo no equipamento de esterilização, não usavam as autoclaves corretamente etc. Em um deles, as profissionais achavam que colocar os alicates no forninho elétrico seria suficiente. Tiravam pães de queijo da assadeira e colocavam os alicates no lugar. Inútil. O calor do forninho não é suficiente para matar os vírus.

Até nos salões mais badalados, frequentados por celebridades e divulgados como templos exclusivíssimos do luxo e da beleza, Andréia observou pelo menos um descuido capaz de permitir a transmissão dos vírus.
As manicures não têm noção do risco que correm. Podem pegar a doença das clientes caso se machuquem com o material usado.O mesmo pode acontecer se fizerem as próprias unhas com o material infectado pelas clientes. Andréia observou que essa é uma prática mais comum do que se imagina.
Num dos salões mais chiques de São Paulo, Andréia quis saber por que a manicure não usava luvas. A moça respondeu:
“Não tem perigo. Minhas clientes são limpinhas”.

Tentar adivinhar a condição de saúde de alguém pelas pistas sugeridas pela boa aparência e pela condição social privilegiada é uma tremenda bobagem. Passar a tarde no ofurô, entregar as chaves da BMW ao manobrista e desfilar uma Louis Vuitton por semana não torna ninguém imune aos vírus. Eles não fazem distinção entre os limpinhos e os sujinhos. Os vírus têm um único objetivo neste planeta: crescer e se multiplicar. Para cumprir essa missão com eficiência, é preciso infectar as pessoas sem matá-las rápido demais. Quanto mais tempo o hospedeiro sobreviver e espalhar a praga, mais descendentes os vírus colocarão no mundo.

É exatamente o que fazem os vírus da hepatite B e C. O vírus B é cem vezes mais infectante que o da aids. Tem a capacidade de permanecer vivo em superfícies por até sete dias. A pessoa infectada é capaz de viver décadas sem notá-lo. A mulher que contrai o vírus B na manicure pode transmiti-lo ao parceiro se não usar camisinha nas relações sexuais. A transmissão sexual do vírus C é controversa e rara, mas os especialistas dizem que ela também pode ocorrer. “Parece estar restrita a alguns grupos de risco com práticas sexuais anais e traumáticas”, diz Raymundo Paraná, presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia.

Entre as manicures, a prevalência dos vírus da hepatite é maior que na população geral. Foi o que Andréia comprovou. Os exames de sangue demonstraram que 10% das profissionais entrevistadas estavam infectadas. O vírus B apareceu em 8% da amostra e o vírus C em 2%.
A forma mais segura de se proteger da doença é a vacinação. Existe vacina para o vírus B, mas não para o C. O SUS oferece a vacina contra hepatite B a grupos específicos (profissionais da saúde e do sexo, imunossuprimidos, coletores de lixo etc). As manicures fazem parte dessa lista, mas apenas 15% das mulheres entrevistadas por Andréia sabiam que tinham direito à vacina.

As manicures também tinham muitas dúvidas sobre a forma correta de higienizar o material. Para não correr risco de se infectar ou de infectar as clientes, a profissional precisa cumprir todos os passos a seguir. Na próxima vez em que for ao salão, observe se eles realmente foram cumpridos. É provável que você se assuste:
1) Antes de atender cada cliente, lavar as mãos ou usar álcool gel 
2) Colocar as luvas. Usar um novo par a cada cliente 
3) Usar lixa e palito descartáveis (um para cada cliente) 
4) Abrir o pacote com o material esterilizado na frente da cliente 
5) Usar uma toalha limpa ou descartável para cada cliente 
6) Lavar os alicates, a espátula e outros instrumentos metálicos reutilizáveis com água, sabão e escova 
7) Enxugar esse material com toalha limpa e colocá-lo no envelope especial para esterilização 
8) Selar o envelope e colocá-lo na estufa ou na autoclave 
9) A estufa não pode ser aberta durante a esterilização. Se uma manicure abrir a porta da estufa enquanto outra deixou o material lá dentro, a esterilização fica comprometida. É preciso manter a estufa funcionando durante uma hora ininterrupta, à temperatura de 170 graus 
10) A autoclave é mais fácil de controlar porque funciona como uma panela de pressão. Basta colocar o envelope, fechá-la e esperar até o final da esterilização.

Se você gostou desses passos, espalhe o link e contribua para a saúde de todos. Outra opção é fazer um kit e levar o seu próprio material ao salão. Não basta levar apenas o alicate. “Levo acetona, esmalte, palito, espátula, alicate, tudo”, diz Andréia. Ela tem dois ou três alicates. Manda afiá-los nas mesmas casas especializadas onde as manicures compram o material de trabalho.
Neurose demais? Pode ser, mas estou convencida de que o sofrimento provocado pelos vírus da hepatite é infinitamente maior. “O erro de muitas mulheres é desvincular a saúde da beleza”, diz Andréia. “É importante cuidar da beleza. Mas com saúde”.
(Cristiane Segatto escreve às sextas-feiras) 

E você? O que observa nos salões de beleza? Como se protege? Conte pra gente. Queremos ouvir sua história.
 

domingo, 26 de julho de 2015

Vivemos em constante estado de Alzheimer

PARA SEMPRE ALICE: O MAL DE ALZHEIMER NOS FAZENDO REPENSAR A VIDA

“Para sempre Alice” rendeu a Julianne Moore o Oscar de melhor atriz em 2015. Richard Glatzer - diretor do filme - que faleceu 15 dias depois da Premiação em decorrência da doença ELA - roteirizou o livro “Still Alice” e mostrou ao grande público a desafiadora doença de Alzheimer. O filme - que mostra a perda de memória como sintoma inicial, deixa no espectador sensações impossíveis de esquecer. Equilibre-se diante do Alzheimer.

1536x1024x2.jpgO Mal de Alzheimer atinge aproximadamente 36 milhões de pessoas no mundo, sendo que muitas das pessoas que sofrem com o Alzheimer ainda não receberam o diagnóstico. É uma doença que se agrava progressivamente até levar à morte, pois o corpo perde funções essenciais. Após o diagnóstico, o tempo médio de vida é cerca de 7 anos. Em média, apenas 3% das pessoas diagnosticadas sobrevivem mais do que 14 anos.
A família da pessoa com o Mal de Alzheimer sofre socialmente e psicologicamente, assistindo de mãos atadas a degradação diária de uma pessoa tão importante e fundamental. Quantas dessas famílias não fariam qualquer coisa para voltar no tempo e doar mais amor, carinho e palavras a quem hoje se esqueceu até de sua própria identidade?
Uma carreira de sucesso em linguística, mãe de três filhos, um casamento impecável e apenas 50 anos de idade. É vivendo neste cenário que a Alice do filme descobre que tem o Mal de Alzheimer. Talvez por retratar a doença em alguém tão jovem, o filme traz uma inquietude de pensamento e emociona constantemente.
“Para sempre Alice” nos prende por ser dolorosamente real e possível. Ninguém está imune ao Alzheimer. Não há vacina, não há comportamento de risco a ser evitado, não há prevenção. A única prevenção possível para o Alzheimer, e para tantas outras doenças e perdas na vida, é o cuidado e a dedicação às pessoas no presente.
O filme mostra que o Mal de Alzheimer faz com que até nossos mais profundos sentimentos por alguém sejam esquecidos e deletados de nossa lembrança. Porém, o que nossa mente – mesmo saudável - está ‘esquecendo de lembrar’? Pare e pense por 5 minutos nas palavras que deixamos de dizer às pessoas que amamos e o quanto calamos sobre as sensações boas que algumas presenças nos causam.
Imagine-se vivendo uma vida plena e se deparando – de um momento para outro, com rostos desconhecidos e locais estranhos aos olhos. Imagine-se do outro lado também, sendo o rosto desconhecido diante de sua mãe, pai, irmão, tia ou amigo. O Alzheimer apavora, não?
O filme apresenta isso: a dor de quem tem a doença e a dor da família que vive a impotência diante do inevitável: o esquecimento, a dependência, o vazio e – por fim, o nada! E diante do nada, cada um tem que seguir a sua vida.
Durante várias cenas, somos acometidos por uma ansiedade absurda diante das falas da protagonista, desejando profundamente que ela não esqueça palavras, pessoas e situações. Assistimos Alice como se fôssemos da família, e ficamos com uma dor latejante na alma. Ninguém sai ileso depois dos 101 minutos de duração do filme. Permanece por dias um silêncio interior que analisa nossas próprias ações, falas e movimentos. Pedimos menos e oramos mais por saúde. Pouca coisa importa mais do que isso: saúde, cuidado, dedicação, respeito e carinho. Alice nos mostra isso vivendo sua doença.
Saudáveis, não damos importância à saúde. Assim, praticamos o nosso dia-a-dia com as pessoas que: não damos importância, não damos atenção. Não o suficiente. Não faz parte de nossos pensamentos a possibilidade de acordar em um dia qualquer e não mais reconhecermos os rostos que nos rodeiam, tão pouco a possibilidade de não sermos reconhecidos.
O ser humano vive como se houvesse sempre o outro dia. Vivemos como se houvesse tempo suficiente para tudo o que é fundamental e, nesta utopia do “tempo suficiente”, vamos adiando o que é importante.
Partimos pela manhã, retornamos à noite, enfrentamos o trânsito dentro de ônibus, metrôs ou automóveis, almoçamos em meio ao caos, trabalhamos oito horas ou mais, assistimos à novela, vamos ao cinema, compramos roupas, vamos ao supermercado, pagamos contas e impostos, nos exercitamos, buscamos uma alimentação cada vez mais saudável, bebemos suco verde, meditamos e tentamos ter um contato maior com a natureza em meio à selva de pedra. Mas, de fato, o que é importante?
Será que cuidamos o suficiente do outro e damos atenção aos detalhes? Amamos o suficiente e nos deixamos ser amados? O quanto dizemos que nos orgulhamos de alguém ou salientamos a importância de nossos amigos, irmãos, pais e tantos outros amores em nossas vidas? O quanto contamos sobre o nosso bem-querer por alguém? Estamos esquecendo muita coisa importante neste mundo moderno. Passamos mais tempo acariciando tablets e smartphones do que as pessoas que amamos. Vivemos em um estado de ‘Alzheimer’ permanente. Estamos ignorando o fato de que amar não é somente sentir. Demonstrar carinho faz parte de absolutamente todas as relações humanas. Mas não, não nos doamos além do limite do que achamos seguro.
Não temos como prever quem brevemente vai partir para sempre ou quem vai se ausentar mesmo estando presente, mas podemos ser mais humanos com todos – principalmente com os nossos. No final – somente os bons instantes permanecem no peito e o momento de amar é agora – nunca é depois. Sentimentos são prioridades. Quem garante a vida amanhã? Quem garante a sanidade amanhã?
Dedicar-se é uma das maiores urgências da vida. Poucos praticam a dedicação, mas quem pratica nunca terá do que se arrepender diante do final da existência.
Nunca estaremos preparados para perdas ou doenças que tiram o nosso melhor e o melhor das pessoas. Que comecemos hoje a doar mais tempo e atenção aos que carregamos no peito. Façamos as pessoas mais leves. Sejamos mais leves também.
Fica ainda uma última lição: “Para sempre Alice” acaba repentinamente, como a vida
Quando não há mais certezas possíveis, só o amor sabe o que é verdade.“ (Do livro “Para Sempre Alice” - de Liza Genova)”


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Vida brevíssima


SOMOS TODOS PEREGRINOS

publicado em artes e ideias por 

Uma reflexão interpretativa do quadro “O peregrino sobre o mar de névoa”, de Caspar David Friedrich (1818), símbolo do romantismo do século XIX. Um convite para parar um pouco e contemplar, a ser um viajante, que observa e valoriza os detalhes, porque sabe que a vida é breve e não avisa quando irá findar.

O peregrino sobre o mar de névoa, de Caspar David Friedrich, (1817-1818). O peregrino sobre o mar de névoa, de Caspar David Friedrich, (1817-1818).
A todo o momento estamos lidando com a brevidade da vida. A todo o momento vemos a morte bater a porta de quem menos a esperava, ou mesmo, de quem já aguardava a sua chegada. E independentemente da crença, concluímos: sim, realmente estamos aqui só de passagem.
O que há de tão certo e óbvio como a morte? Mesmo assim, ela sempre consegue nos surpreender, nos ensinando ou apenas nos lembrando de nossa impotência perante ela. É aquela que vence nossa avidez, paralisando-nos na correria.
Em momentos como esse nos deparamos com sentimentos sombrios, como a tristeza e a solidão. Sentimentos estes, expressos com maestria pela alma do artista, destacando aqui, as pinturas do Romantismo do século XIX.
Um século turbulento. Marcado por revoluções sociais e econômicas. Nele, o Romantismo surgiu como uma crítica à confiança do homem em sua capacidade individual e racional de interferir e dominar a natureza.
Um estilo marcado pela irracionalidade, pelos sentimentos individuais, pelo misticismo em detrimento da razão, e pela ligação do homem com o mundo natural.
Centrado no igualitarismo e no individualismo, se expandiu para um ataque aos sistemas de poder vigente, e contribuiu poderosamente para a eclosão de movimentos, como a Revolução Francesa e a luta pelos direitos civis igualitários, que mais tarde, dariam origem à democracia como hoje a conhecemos.
Dentre os autores desta época, temos Caspar David Friedrich, conhecido como um dos melhores paisagistas de todos os tempos e o mais puro representante da pintura romântica alemã.
Suas paisagens primam pelo simbolismo e idealismo que transmitem. Embora fosse um pintor renomado durante sua vida, Friedrich caiu de moda ainda antes de morrer, pois suas pinturas contemplativas não acompanharam o impulso da modernização, sendo consideradas relíquias de uma era finda. Mas será que findou mesmo? Por vezes, a impressão que temos é que as tecnologias avançam, mas as ideologias permanecem no passado.
Em sua mais conhecida obra “O peregrino sobre o mar de névoa”, de 1818, atualmente exposta no Kunsthalle Museum em Hamburgo, na Alemanha, ele consegue retratar, já em sua época, a atual condição do homem, que na prepotência e insistência em afirmar seu domínio sobre a natureza e sobre tudo o que cria, vê-se agora isolado, destituído de qualquer controle, vê-se impedido de enxergar com nitidez aquilo que ele pensava conhecer tão bem. Ele está só e o mundo lhe parece estranho.
Este quadro, além de tantas outras impressões e interpretações possíveis, pode ser lido como uma alegoria da vida humana, principalmente nos tempos trabalhosos em que vivemos.
A imagem embaçada e repleta de mistério nos fala do desconhecido da vida, da imensidão do universo, do isolamento do homem, perplexo diante daquilo que não controla, nem alcança.
Claridade e neblina, cores frias e ácidas se misturam diante de um anônimo, um viajante que observa. Alguém, que pelo anonimato, pode ser cada um de nós. No entanto, não vemos o seu rosto, não sabemos sua expressão, nem pensamentos diante de tudo o que vê. Talvez esteja angustiado, aflito, melancólico. Talvez falte esperança, faltem forças para caminhar.
Num mundo em que estar feliz é uma regra e onde a reflexão antes da fala é escassa, um homem como esse não caberia. Talvez, por isso, ele parece está desprendido, em relevo ao que contempla.
Assim como o anônimo da pintura, ficamos, por vezes, perplexos diante das novas de cada dia, nos sentimos deslocados em meio a tanto sofrimento e desamor.
Cada um de nós tem um peregrino dentro de si, um viajante que sabe que não estará aqui para sempre. E sendo assim, qual deve ser nossa posição diante da vida? Cada um responda para si. Tendo em mente que somos aqueles que fazem o uso responsável de tudo, porque breve partiremos e outros virão após sairmos.
Se somos peregrinos, enquanto aqui estivermos sejamos pacificadores, em meio as guerras travadas diariamente, fazendo conhecidos e dando voz ao anônimo e ao esquecido. Dando voz a outros peregrinos, que tiveram suas vozes abafadas pelos gritos dos poderosos.
Que de vez em quando andemos mais devagar, desacelerando o ritmo, afinal, para onde vamos com tanta pressa? Parece que Caspar nos faz sempre essa pergunta quando olhamos suas obras.
Muitos gostam da frese “não fale o óbvio”. Mas a maneira como temos vivido, a liquidez das relações, a banalização do bem, o não estranhamento diante do perverso, o discurso de ódio, tudo isso tem nos obrigado a dizer o óbvio, ou melhor, a desvelá-lo. Sim, mais do que dizer, temos de explicar o porquê, revelar, tirar o véu, fazer o altruísmo e a sensibilidade renascerem.
E é esse o convite do peregrino: quando viajamos, cada detalhe parece importante e digno de registro fotográfico. Não existe distância grande demais para visitar o lugar tão almejado. O cansaço no final do dia não traz reclamações, somente gratidão pelo vislumbre do novo. Porém, ao voltar para casa, para rotina e correria diária, o viajante, antes tão entusiasmado, é agora um frustrado.
Por fim, não esqueçamos: a vida é breve, é brevíssima, é bonita, merece reflexão e registro. Somos viajantes, precisamos parar um pouco, contemplar, e seguir o caminho, buscando dar sempre os melhores passos. Vivendo a arte e a humanidade que ela nos traz.


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sexta-feira, 24 de julho de 2015

Madredeus

Romantismo

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Há um pequeno romantismo  nas coisas pequenas. No copo sobre a mesa e na vela. Na névoa e, sobretudo, nas pequenas gotas de chuva sobre os galhos.
Há um não-sei-quê de mistério nessas pequenices. Objetos inanimados, cenários que se oferecem à contemplação, a natureza e sua naturalidade. Tudo espera. Que lhes seja atribuído um olhar de significação e sentido para além do simples fato de estarem ali, (dis)postos na mesa ou no mundo. Que lhes seja restituído o valor de provocarem  alegrias pequenas.
De súbito, recordo MadreDeus: “coisas pequenas são/ coisas pequenas/ são tudo que eu te quero dar/ e essas palavras são/ coisas pequenas/ que dizem que eu te quero amar/ amar, amar, amar/ só vale a pena/ se tu quiseres confirmar/ que um grande amor não é /coisa pequena/ que nada é maior que amar.”
Há, sim, um pequeno romantismo nas coisas pequenas. E há um só motivo para havê-lo: o romantismo maior que mora dentro. De mim. De ti. De (quase) todos nós.

Continuando o tour por Londres

Dicas de Londres-2º dia



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Iniciando o 2º dia
Saímos para comprar mais perfumes!! Rsss!!  O Roberto comprou para mim o Wonderwood da Comme des Garçons.  Sua característica é menta de Madagáscar, bergamota, incenso Somália, noz-moscada, Cristalon, Cashmeran, madeira gaiac, cedro, graines Carvi, Javanol, Sândalo, Vetiver, Oud (Agarwood).  É realmente uma coisa incrível este perfume.  Chique e acolhedor ao mesmo tempo.  Algo que não se esquece!!  Eu comprei também o meu adorado Beautiful Mind Series Vol. 1, pois aqui em Londres é onde ele é mais barato (viu Andreia Mota, às vezes comparo os preços, rssssss!).  Não desisto dele!!!  Acho que os perfumes estão marcando esta viagem!
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Almoçamos no meu queridooooo Prêt a Manger.  É uma cadeia alimentar inglesa mas tem em vários lugares do mundo.  Tudo é exposto, paga-se no caixa e tem mesinhas onde comer. Adoro pois tem sempre as calorias indicadas nos pratos. Sempre pego uma sopa e uma salada.  Come-se suuuuuper bem pratos sadios, pouco calóricos mas gostosos!  Não aguento fazer dieta de pratos sem gosto!  Agora estou na fase manutenção, mas para poder jantar bem, o resto do dia tem que tomar cuidado!!
Algumas imagens da cidade!
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Passei pela Joseph que é uma loja multimarca de Londres.  A sua compradora-chefe é uma brasileira que gosto de chamar amiga!  Ela é fera!!!!  Apesar de ter todas as marcas, eu gosto da linha da loja mesmo, o que chamam de private label!!  Comprei uma camisona de seda cor sálvia a metade do preço! :-)  Acredito ser uma daquelas peças que vai complementar e modernizar o meu guarda-roupas dando também cor.  Queria usar hoje, mas está chovendo e frio… vou ter que esperar…
Ainda passei na COS e comprei a peça que vocês vão ver no vídeo.  Bem bonitinha e versátil.  Dependendo dos acessórios, funciona para dia ou uma noite informal.
De noite fomos ver o documentário INCRÍVEL sobre Sebastião Salgado de metrô.
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A direção é do grande Wim Wenders e do filho, Juliano Ribeiro Salgado.  Conhecia alguns dos trabalhos de Salgado… Serra Pelada quem nunca viu?!!!  E Genesis que teve tour mundial ano passado.  Mas quando você entra no íntimo de um ícone, como neste filme, você descobre quem ele realmente é… perigoso.  Neste caso foi revelado uma pessoa impressionante, apaixonante, com crenças tão fortes capazes de mover montanhas através da arte, da beleza e da força de suas imagens.  Ele não ia só retratar, ele entrava na cultura daquelas pessoas, e se apaixonava. Ficava meses inserido em aldeias tão longínquas que sua família nem sabia onde estava!  Juliano cresceu sempre com saudades daquele pai herói!  Nada do que ele fez teria sido possível sem sua extraordinária esposa, Lélia.  Ela serviu de suporte, organizadora e catalisadora das idéias. E o Instituto Terra?!!!  Incrível este gigantesco projeto de reflorestamento no Espírito Santo pelos Salgados.  O que parecia impossível, eles fizeram!   O documentário é uma experiência imperdível!! Por favor, vejam o filme!  Sal da Terra!
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Coisas boas: sempre valem a pena

Dicas de Londres 1º dia!

Direto do Blog de Consuelo Blocker, as maravilhosas dicas sobre Londres, a capital inglesa, para quem está pretendendo ir até lá em breve ou mais tarde, quem sabe.

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Bom dia Salotto!!!  Gostariam de dicas de Londres?…  Aqui em Londres está fresquinho e delicioso!!  Tive uma reunião pela manhã com uma pessoa muito interessante.  Ela trabalha com consultoria de mídia digital.  É sempre ótimo conversar com pessoas inteligentes!!
Consegui chegar meia hora adiantada, pois vi o horário pelo computador e esqueci que estava com o horário da Itália!! O que quer dizer que na verdade estava meia hora atrasada… Bidu!! Se tratando de mim…  Aproveitei a meia hora para correr e comprar o chip do celular com bastante internet (vou sempre à Carphone Warehouse e peço que me sugiram algo) e não resisti um perfume novo da Comme des Garçons. O Floriental!  Achei chiquéeeeerrimo!!  Aliás, a linha de perfumes da Comme são incríveis.  Os tons da fragrância são pimenta rosa, ameixa, incenso, labdanum, sândalo e vetiver.  Todos os perfumes da Comme são unisex.  Mas o Roberto não gostou muito…  Como também experimentei outro (que não lembro o nome) que tinha na bolsa o papelzinho borrifado, mostrei para ele.  Adorou!!… Então hoje ele quer me dar de presente este novo perfume e também vou comprar o meu Beautiful Minds Series Vol. 1.  Vou mostrar tudo no Snap e amanhã aqui.
Quem segue o blog sabe que gosto de ter um perfume só, mas se encontro outros que gosto (sempre no limite de 2 ou 3) uso em lugares ou climas específicos.  Por exemplo, levo um só numa viagem que vai lembrar a mim e ao Roberto daquela viagem… romântico, não?   Ou uso só no inverno, ou só no verão…
Fiquei flanando pela cidade e tirei várias fotos…
Oxford e Regent Streets e afins…
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Incrível o que ele faz com estas panelas... vejam o vídeo!
Incrível o que ele faz com estas panelas… vejam o vídeo!
A loja de departamentos Libery
A loja de departamentos Liberty
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Kensington…
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Onde encontrei uma ruela onde passa-se só a pé com esta loja vintage para homens!!
Onde encontrei uma ruela onde passa-se só a pé com esta loja vintage para homens!!
Hornets: 36B Kensington Church St, London W8 4BX  Phone:020 7938 4949
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E dá na Holland Street onde tem este pub e...
E dá na Holland Street onde tem este pub Elephant & Castle e…
Elephant & Castle: 40 Holland St, London W8 4LT Phone:020 7937 6382