Gastronomia paraense é uma das mais admiradas no país. Descubra segredos muito além do Pato ao tucupi.
Olha só essa postagem interessante e deliciosa que encontrei no diáriodepernambuco.com.br
Filhote ao tucupi com arroz de jambu, um dos pratos mais requisitados do restaurante Lá em Casa, da chef Daniela Martins. Foto: Diogo Carvalho/DP/D.A Press |
Belém - Pará, terra de tantas lendas. Boto, Iara, Macunaíma, Mapinguari, isso só para citar algumas. Mas, diante de todas elas, talvez a que mais se destaque entre os amantes da gastronomia seja a que originou a iguaria mais utilizada da apreciada culinária amazônica: o tucupi. Reza a lenda que Jaci (Lua) e Iassytatassú (Estrela d'alva), combinaram visitar o centro da Terra. Quando foram atravessar o abismo, o monstro Caninana mordeu a face de Jacy, que derramou lágrimas sobre uma plantação de mandioca, surgindo aí o tycupy (tucupi).
Esse tempero de cor amarela extraído da raiz da mandioca brava embala quase que a metade dos pratos típicos da região. Para consegui-lo, os paraenses descascam, ralam e espremem a mandioca selvagem. Depois de extraído, o caldo “descansa” para que a goma se separe do líquido, o tucupi. Inicialmente venenoso devido à presença do ácido cianídrico, o líquido é cozido (processo que elimina o veneno) e fermentado, de 3 a 5 dias, podendo, então, ser usado como molho na culinária.
Foto: Diogo Carvalho/DP/D.A Press |
Na badalada feira Ver-o-Peso - a maior ao ar livre da América Latina, no Centro de Belém -, diante dos 1280 feirantes, as barracas de tucupi são as que mais chamam a atenção dos quase 10 mil turistas diários que passam por lá. Centenas de garrafas pet reaproveitadas, com tampinhas coloridas no balcão. Dois litros do molho especial custam a bagatela de R$ 3. Para incrementá-lo, pimentas de cheiro submersas e folhas de jambu.
Também conhecida como agrião-do-amazônia, o jambu é uma erva típica usada lá no Norte da mesma maneira que usamos o espinafre ou a rúcula por aqui. Do pato ao tucupi e até em pizza, combinado com muçarela. Pode-se preparar o jambu da mesma maneira que uma couve refogada, cortando-o fininho e refogando no azeite com alho e sal a gosto e bacon em cubinhos. Uma de suas principais características é a capacidade de adormecer os lábios e a língua de seus apreciadores. Pode assustar no começo, mas a sensação é tão deliciosa quanto o sabor dessa planta.
Ainda dentro dos domínios da feira Ver-o-Peso, no mercado de peixes, é fácil encontrar um dos orgulhos da culinária do Pará: o filhote, um dos pescados mais gostosos e que causa mais surpresa. Apesar do nome, é um peixe de couro que pode chegar a 300kg, ou seja, é inevitável ouvir aquela piadinha dos viajantes ao se depararem com ele na feira: “Se esse é o filhote, imagine o pai”. Ao saboreá-lo em forma de medalhões nos restaurantes da cidade, não dá para ter noção do tamanho do bicho.
Para prová-lo, vá ao charmoso complexo gastronômico Docas, não pense duas vezes antes de parar no restaurante Lá em Casa, inaugurado em 1972 pelo chef Paulo Martins, falecido em 2010, embaixador da culinária paraense. Hoje, quem comanda a cozinha é sua simpática filha Daniela. Para entrada, beiju e salada de feijão santarém com aviús (microcamarões). De principal, filhote com redução de tucupi e arroz de jambu. É imperdível. (Diogo Carvalho)
Onde achar
Infelizmente, com exceção da castanha do pará, açaí e do cupuaçu, não é tão fácil achar ingredientes paraenses aqui no Recife. Uma dica é a Casa do Pará (Av. Conselheiro Aguiar, 4734, Boa Viagem). Lá, o litro do tucupi custa R$ 22 e o saquinho com 800g de jambu sai ao preço de R$ 33.
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