Páscoa e vinho, tudo a ver.
As conquistas culturais são, ao mesmo tempo, as mais antigas e as mais duradouras. Com raras exceções, a aventura iniciada pelo vinho há sete milênios no Oriente Próximo prossegue: acaso não vemos abrirem-se ao seu consumo países como a China ou a Índia, seguindo os passos do Japão?
Utilizado pelos povos pagãos, mas também pelo povo hebreu na Antiguidade, bebida sagrada do cristianismo, o vinho acompanhou a expansão dessa religião por toda a terra (até o Novo Mundo e a Oceania, com os primeiros evangelizadores), encontrando nesse caminho um único, embora importante, obstáculo: o islã. Apesar de ter perdido parte de seu caráter religioso, a bebida tornou-se um símbolo de alta cultura e de sociabilidade.
Hoje, é possível beber e produzir vinho em qualquer lugar; e, como as formas de cultivo e os métodos de vinificação fazem mais pelos grandes vinhos que a própria natureza, a Europa (e, em particular, a França) deve manter ativas sua vigilância e sua imaginação. Com a chegada do vinho aos países mais inesperados, assistimos a outro tipo de globalização: a que favorece o calor humano e o diálogo entre os povos.
Este livro descreve o vinho como "antes de tudo uma substância de conversão, capaz de reverter as situações e os estados e de extrair dos objetos o seu contrário: de fazer, por exemplo, de um fraco, um forte, de um silencioso, um tagarela".
O propósito desse livro é retratar a história da paixão que o vinho suscitou, desde que partiu para conquistar o mundo, há sete milenios. Ele faz sonhar, proporciona alegria, melhor ainda, esperança de seguir bebendo-o no paraíso, ainda que seja proibido nesse vale de lágrimas.
Na verdade o vinho é eminentemente religioso. Ele religião a humanidade ao mundo espiritual. Bebida dos deuses e de sacerdotes, de reis e de suas cortes, dom do Céu e de sua aliança , quando Deus se faz Um. O vinho tornou-se o Deus vivo oferecido a todos os homens, numa tarde, há dois mil anos, em Jerusalém .
Esse livro baseia-se em uma concepção de geografia. Privilegia os fatores que contribuíram para colocar o vinho entre as expressões máximas da cultura e do espírito de liberdade. Por tudo isso, vale muito a pena lê-lo, pois o vinho é, um dos mais agradáveis mediadores do diálogo intercultural, do comércio espiritual entre os homens de boa vontade.
Faça esta leitura, e quem sabe inicie-se no mundo dos vinhos nesta páscoa. Feliz páscoa a todos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário