A escritora Cecília Meirelles viveu breves 63 anos, mas o tempo foi suficiente para que ela se tornasse uma das mais expressivas vozes da literatura brasileira. Seu nome está junto ao dos cânones da língua portuguesa e, entre seu legado, uma das frases mais belas jamais criadas na língua de Camões: “Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”.
Este que é um dos mais conhecidos aforismos das letras brasileiras, faz menção à grandiosidade do conceito de liberdade impondo-lhe, ao mesmo tempo, a característica de ser indescritível simultaneamente ao fato de ser totalmente compreensível.
A definição da poetisa brasileira para a ideia de liberdade, guardada as devidas proporções e, principalmente, levando-se em conta as diferenças entre temáticas e propósitos, pode ser aplicada com exatidão ao conceito de luxo. Pois, se todos são capazes de entender e almejar os luxos que a vida tem a oferecer, poucos são os que conseguem definir esse desejo adequadamente.
Mesmo que não seja possível definir o que é luxo através de um conceito concreto e objetivo, uma certeza é clara: sua realização só é possível se existir liberdade. E, neste caso, é preciso compreender essa ideia em toda a sua dimensão e no seu sentido mais absoluto.
É impossível a manifestação do luxo sem liberdade, pois, na sua essência, o luxo é uma escolha pessoal e inteiramente particular. Como imaginar alguém cujo prazer é assistir uma apresentação artística, mas que vive em um país no qual a dança é proibida? Como conceber que alguém admire e se realize com as últimas tendências da moda, mas precise usar constantemente o mesmo vestuário por imposições externas?
A eterna Coco Chanel afirmou que o luxo, obrigatoriamente, precisa ser confortável, senão não pode ser considerado luxo. E, neste caso, confortável significa, realmente, algo que faz bem, que agrada ao corpo e à alma, que pressupõe uma escolha pessoal. Mesmo que os desfiles e as semanas de moda apresentem tendências, o verdadeiro luxo está em escolher aquilo que mais lhe satisfaz como ser humano. As agendas de moda devem auxiliar e não pautar os desejos de cada um de nós.
O luxo precisa ser um prazer pessoal e refletir, com honestidade, as visões de mundo, os anseios e as vontades particulares. Não importa se entre as suas experiências preferidas está ler um livro sob o pôr do sol na praia, conhecer um hotel exótico ou brindar a vida com uma bela garrafa de champagne sobre um confortável sofá. Tudo isso será puro luxo, desde que escolhido com toda a liberdade do seu coração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário